10.05.2015 | Postagem: Paulo Sérgio |
Governador considera necessário
manter os veículos mais potentes, padrão atual da frota, apenas para situações
específicas.
No primeiro balanço de sua
gestão, Camilo Santana considera o diálogo como principal marca. O governador
Camilo Santana (PT) completa 100 dias no
cargo. É indiscutível que um novo estilo político e pessoal chegou com ele ao
Palácio da Abolição, mesmo que na conversa de aproximadamente uma hora com
editores do O POVO, na última quarta-feira, em seu gabinete, o tempo todo
procurasse reafirmar sua condição de continuador da gestão Cid Gomes (Pros).
Uma informação importante do
governador durante a entrevista: vai adquirir modelos de veículos mais simples
para a Polícia Militar, pondo fim à era das Hillux como viatura padrão no
Ceará. Confira a seguir os trechos principais:
OP - Voltando aos 100 dias de
governador, o senhor encontrou uma situação muito tensa na área militar,
especialmente com as lideranças do setor. O esforço de aproximação, de abertura
de diálogo, pode ser apontado como um dos destaques de sua ação no período,
especialmente porque há alguns resultados aparentes. O clima parece mais calmo.
Camilo - Assumi alguns
compromissos durante a campanha de que iria trazer o problema da segurança
pública pra mim, pessoalmente. Claro que o secretário da área tem seu papel,
mas iria construir, que é o que considero que estamos fazendo, o Pacto pelo
Ceará Pacífico, até já gostaria de ter apresentado ele. É que quero fazer uma
coisa consolidada, porque compreendemos que o problema da segurança pública não
se resolverá apenas com polícia. Temos hoje, por exemplo, uma parceria com o Fórum
Nacional de Segurança Pública, aconteceram várias reuniões, uma delas aqui em
Fortaleza levou o dia todo, havia sete pessoas de fora, do Rio de Janeiro,
Minas Gerais, o próprio responsável pela implantação do Pacto pela Vida em
Pernambuco, fomos conhecer experiências, tudo na perspectiva de buscar ajuda na
construção desse pacto no Ceará. Já tive reuniões com Tribunal de Justiça,
Ministério Público, queremos integrar todas as áreas para construir uma
proposta com a sociedade, me reuni, já, com os Conselhos Comunitários de Defesa
da Região Metropolitana, cujo envolvimento é importante porque são elas as que
sentem o problema da insegurança no seu dia-a-dia. A própria vice-governadora,
professora Isolda Cela, está à frente, se dispôs a coordenar esse Pacto pelo
Ceará Pacífico e espero que em breve, ainda esse mês, estejamos apresentando o
formato, como ele deve funcionar. Paralelamente a isso, temos trabalhado com a
área da segurança pública e considero que era, e é, fundamental o diálogo. Era
fundamental abrir um canal forte de diálogo com
a área e é o que temos procurado fazer...
OP - Com as lideranças?
Camilo - Com as lideranças, com
as entidades de representação, dos praças e outros mais, e pretendo agora no
dia 14, que vai ser a formatura da nova turma da Polícia Militar, quase mil
homens, convoquei mais 500 ainda para 2015, assinar a mensagem que encaminharei
à Assembleia com o novo sistema de promoções, uma antiga reivindicação da
categoria. Vamos corrigir algumas distorções, havia policiais que passavam 15
anos como soldado e não conseguiam ser promovidos. O papel e a tarefa da
policial, segundo considero, é muito difícil, além das dificuldades naturais,
da complexidade, do fato de ser árdua, dos riscos, muitas vezes sequer é a
questão salarial, mas as pessoas precisam ser motivadas, estimuladas, para
cumprir seu trabalho. Acho que por conta desse diálogo, desse trabalho, há uma
outra motivação, é um diálogo sincero e franco. Ao longo dos três meses fui uma
vez por mês a uma reunião na Secretaria, com todo o comando, fui em janeiro, em
fevereiro e fui em março. Tivemos dois meses de resultados positivos, até me
surpreendeu, com a redução de 50 por cento dos homicídios na Região
Metropolitana no mês de março, embora saiba que ainda é muito pouco diante dos
elevados índices do Ceará, mas já representa um avanço. Nós vamos lançar agora,
outro compromisso que assumi em campanha, um projeto de ampliação do Raio,
estamos treinando as equipes do Cariri, estou licitando as motos, equipamentos.
Pretendo implantar 12 equipes na região em julho, durante a festa de exposição
do Crato, e haverá outras 8 na região Norte, no mês de outubro. Todas as áreas
de integração terão equipes, conforme compromissos que assumi, há programação
para Quixadá e Russas, até chegarmos a 60 equipes em todo o Interior. Hoje não
há nenhuma. Até junho teremos implantados os primeiros batalhões de divisas, na
divisa com Pernambuco e na divisa com Rio Grande do Norte, as mais complicadas
que temos.
OP - O senhor admite que a
mudança de estilo pessoal do governador, em relação ao seu antecessor Cid
Gomes, ajudou na reabertura do diálogo?
Camilo – O que acho é que
nenhum outro governador investiu tanto nas melhorias de trabalho na segurança
pública do Ceará quanto o governador Cid (Gomes). Aliás, o próprio secretário
atual de Segurança Pública, quando o convidei, já com experiências de superintendente
da Polícia Federal no Mato Grosso, no Rio de Janeiro, se disse impressionado
com a estrutura que o Estado tinha na área de segurança. A qualidade das
delegacias, os carros, helicópteros, então, acho que diante dos problemas que o
governo passado teve com a categoria o que tenho tentado fazer é quebrar um
pouco essa relação que se tornou difícil. Cada um tem seu estilo, repito, e o
meu estilo é de muito diálogo, de abertura, de ouvir, claro que respeitando a
hierarquia, a disciplina, que precisa existir na segurança pública. Também está
prevista na área a reformulação do Ronda, as primeiras mudanças serão
implementadas até julho em Fortaleza, e queremos interiorizar o Ciopaer,
começando pela região Norte e pelo Cariri.
OP – Investiu-se muito em tecnologia,
equipamentos, e esqueceu-se de investir no que o senhor acabou de falar, na
motivação da tropa?
Camilo – Olha, o governo fez
concurso, contratou, capacitou, investiu na escola de formação de policiais. Na
verdade, eu não gostaria de falar muito no passado, acho que o importante é
olhar para o futuro (risos).
OP – O senhor herdou...
Camilo – Todo mundo sabe que
houve um problema, houve uma greve.
OP – O senhor considera greve,
não considera motim?
Camilo – Vamos considerar uma
paralisação da polícia, o que é legalmente proibida, mas não estou querendo
olhar pra trás, quero olhar para frente.
OP – Olhando pra frente, então,
o senhor herdou uma série de modelos. Por exemplo, na segurança, viaturas 4x4,
determinado tipo de padrão, são modelos. Quando é que será o momento, na sua
avaliação, em que a sua marca pessoal se fará mais presente?
Camilo – Primeiro, quero muito
que minha marca não seja simplesmente essa de um equipamento etc, mas que seja
o esforço de diálogo, de um governo sempre aberto a construir junto com a
sociedade, estamos, afinal, a serviço dela. Não adianta o governador tentar
tirar de sua cabeça uma solução para a segurança sem ouvir aquele que sofre no
dia-a-dia o assalto em seu bairro, na sua rua etc. Quanto ao caso específico
dos carros da polícia, vou também comprar carros mais simples para a polícia.
Acho que para determinadas áreas não há necessidade de um carro tão... Claro
que para determinadas áreas, por exemplo, a Polícia Rodoviária precisa de
carros velozes, esses batalhões de divisas precisarão de carros 4x4 para
enfrentar estradas vicinais, mas para algumas áreas aqui de Fortaleza acho que
não há necessidade de carro mais potente. Isso não sou só eu, é uma
avaliação...
OP – Já existe um modelo?
Camilo – Não. É necessário
apenas que seja um carro mais simples, menor. Agora, não acho que isso seja o
ponto mais... tanto que isso ficou polêmico aqui no Ceará, mas São Paulo passou
a comprar carros no mesmo padrão, Minas Gerais também.
Fonte: O Povo
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