João Vitor dos Santos, 16, acertou 172 questões das 180 do Enem. O estudante do 2º ano
de uma escola pública quer cursar Ciências Biológicas
CAMILA DE ALMEIDA/ESPECIAL PARA O POVO
A ficha da biblioteca, lugar preferido de João na escola, já vai na segunda folha e ultrapassa os 40 livros
Ver João Vitor falar
sobre a recente conquista é assistir à luta entre a timidez do garoto
mais acostumado aos livros do que a grandes conversas e o orgulho de
quem está vendo o esforço recompensado. O número da vitória é de
impressionar: João Vitor acertou 172 questões das 180 que compõem o
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O equivalente a 95,5% de acertos.
Mas João Vitor Claudiano dos Santos, 16, aluno do 2º ano da Escola de
Ensino Médio Governador Adauto Bezerra, ainda não consegue mensurar o
significado do feito.
O menino agora
espera o resultado oficial, que deve sair em janeiro de 2015, mas, em
um comparativo, João Vitor ultrapassou os 164 acertos da estudante
mineira Mariana Drummond, que conquistou o primeiro lugar no Enem 2013. A
nota final ainda depende do desempenho na Redação, que João acredita ter sido a mais difícil das avaliações.
“Sempre ouvi falar da dificuldade que é o Enem e tinha medo. Mas quando vi, sinceramente, achei muito fácil.
Quando corrigi pelo gabarito, não fiquei assustado, apenas lamentei
pelas oito (questões erradas)”, diz com a simplicidade de quem dormia em
média quatro horas por dia para garantir o bom desempenho, que ele
credita também ao apoio recebido dos professores.
A
ficha da biblioteca, lugar preferido de João, já vai na segunda folha e
ultrapassa os 40 livros. A leitura assídua é o segredo dele. “O que tem
de cansativo no Enem são os textos grandes. Então, minha estratégia foi
me adaptar à leitura, ler livros grandes, alguns com linguagem
rebuscada”.
João,
cujo maior orgulho é ter estudado a vida toda em escola pública, ainda
não sabe se irá cursar o 3º ano, mas quer fazer Ciências Biológicas e
sonha em viajar
para o Reino Unido pelo Ciência Sem Fronteiras. Aos 16 anos, ele tem
muito bem traçados os planos da vida. “Sempre me vejo fazendo
especialização em bioquímica e biologia molecular. Quero ser pesquisador
e estudar o resto da vida”.
Criado
pela mãe, a aposentada Ana Maria Santos, morador do bairro Vila União,
quarto de cinco irmãos, João será o primeiro da família a ingressar no
ensino superior. Os estudos foram, para ele, a forma de transformar o
próprio destino. “Sou um garoto que não conheceu o pai, que sempre
sofreu bullying por ser nerd, por causa do cabelo, do sapato, da
magreza. O estudo não combateu minha timidez, mas me ajudou a ser
feliz”.
Fonte: O Povo
0 comentários:
Postar um comentário