quinta-feira, 1 de maio de 2014

Superação: agricultor sai da roça para conquistar diploma de agrônomo na UFC!



Aos 37 anos, Zé Alfredo entrou em uma sala de aula com o objetivo de ingressar na universidade. Realizou o sonho e ensinou os aprendizados aos companheiros da região
Zé Alfredo iniciou os estudos aos 37 anos e passou no vestibular (FOTO: Arquivo pessoal)

A 103 quilômetros de Fortaleza, no município de Pentecoste, José de Paula Firmiano de Sousa, agricultor e pai de oito filhos, resolveu mudar o destino da família. “Zé Alfredo”, como é conhecido pelos amigos, iniciou o trabalho na roça ainda criança, aos 7 anos, plantando milho, feijão e algodão. Aos 37, entrou pela primeira vez em uma escola com uma meta: a de ingressar na universidade.

“Eu sentia necessidade de falar corretamente, até de discursar diante das pessoas. Percebia esse desejo, e as coisas foram se encaminhando para que eu conquistasse algo melhor”, conta. Por meio de supletivo, concluiu o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Graças ao Programa de Educação em Células Cooperativas (Prece), formado por estudantes de municípios do interior do Ceará, fez o pré-vestibular. “A minha rotina era trabalhar e estudarnas horas vagas”.

Por dois anos, ele e a filha andavam cerca de 10 quilômetros até a comunidade rural de Cipó, a fim de participar dos estudos em células para ingressar na universidade. Iam a pé, de canoa, de motocicleta e, às vezes, tinham a sorte de conseguir carona até o local, que funciona em um campo aberto, no meio do Sertão do Ceará.

O esforço não foi em vão. Pai e filha passaram no vestibular e ingressaram na Universidade Federal do Ceará (UFC). Ele, no curso de Agronomia, ela em Geografia. Com a conquista, Zé Alfredo passou a morar na residência universitária, em Fortaleza.

De segunda a sexta-feira a rotina era voltada aos estudos para o curso. Além de bolsista universitário, ainda fazia trabalhos extras durante a semana. No sábado, já estava novamente em Pentecoste para trabalhar na roça e ajudar a esposa e os filhos, ainda pequenos. “Eu ficava trabalhando na agricultura rudimentar. Todas as culturas que davam certo plantar, eu plantava”. Já o domingo era destinado a ministrar aulas no Prece para ajudar companheiros da comunidade a ingressarem na faculdade, assim como ele. “Me tornei facilitador das disciplinas, é uma experiência muito boa”, comemora.
Programa é formado por estudantes de comunidades rurais e municípios do interior do Ceará (FOTO: Divulgação)

Zé Alfredo, ao longo da graduação, trabalhou com afinco para que muitos de sua região também tivessem a oportunidade de entrar na universidade. “Se o meu Ensino Fundamental e Médio não tivessem sido na dificuldade, se fossem muito fáceis, não daria tanto valor à universidade como eu dou. Eu era uma pessoa da roça, não tinha o hábito de ficar fora da minha comunidade, foi tudo muito difícil”, confessa.

Segundo o agrônomo, o mais árduo foi ter de ficar longe da família. “Morar na residência universitária e ficar distante da minha esposa e dos meus filhos foi muito complicado. Toda vez que eu saía, minha filha chorava. A gente sente muito, porque é uma mudança grande”, relata.

Fonte: Tribuna do Ceará
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