Em artigo enviado ao Blog, o secretário-geral do Sindicato dos Policiais
Civis de Carreira do Estado do Ceará (Sinpol/CE), inspetor Mario
Marques, sugere mais inteligência policial como forma de compensar o
reduzido número de policiais no Ceará. Confira:
Há décadas, os sucessivos governos do Estado do Ceará
apostam estrategicamente apenas na Polícia Administrativa (Polícia
Militar) que, diga-se de passagem, tem seu grau de importância no
cenário Segurança
Pública. Entretanto, quando se Desestabiliza o tripé Polícia Militar,
Polícia Civil (aqui, incluo a Perícia Forense, pois também são policiais
civis) e os Bombeiros Militares todo o planejamento fica a desejar.
Em
um Estado com quase nove milhões de habitantes e uma distância
geográfica entre cidades que pode chegar a quase 800 km (Camocim a
Penaforte) não dá para se prestar um elementar trabalho de Polícia
Judiciária com um efetivo estimado em 2500 policiais civis! Criar
“forças especiais” na Polícia Militar para combater, nesse imenso
interior cearense, essas ações criminosas a bancos é, no mínimo,
Desespero!
Sabemos
que o combate efetivo a esse tipo de ilícito penal é centrado em
inteligência policial. O embate de forças do Estado versus organizações
criminosas só deve acontecer na minoria dos casos, quando não se tem
eficiência nas atividades de inteligência policial. Uma das principais
tarefas da investigação criminal é justamente “cortar o mal pela raiz”.
Em
um Estado no qual as grandes metrópoles interioranas (como Juazeiro do
Norte e Sobral) não possuem, elementarmente, uma Delegacia Especializada
em Roubos e Furtos ou uma Delegacia de Narcóticos é dedutivo que os
“crimes de maior complexidade” prevaleçam cotidianamente. É fato que
isso é uma herança deixada pelos gestores estaduais que passaram pelas
terras alencarinas.
O
projeto na área de Segurança Pública que o Governo do Ceará instituir,
originou-se no Estado de Pernambuco (chama-se Pacto Pela Vida). Poderia
ser uma excelente aposta estratégica, se não tivéssemos contra nós um
dado estatístico negativo: Em Pernambuco, o contingente das forças de
segurança é de, aproximadamente, 30.000 homens e mulheres policiais.
Aqui, no Estado do Ceará, não passamos dos 19.000.
Ceará
e Pernambuco têm uma população semelhante. Então, pergunto aos senhores
e senhoras que preenchem o seu estimado tempo lendo esse meu artigo:
Como fazer acontecer?! Se os gestores públicos persistirem entendendo
que a prioridade deverá ser sempre uma força policial em detrimento das
outras, bem como gastos vultosos com aparatos tecnológicos esquecendo
quase que completamente dos homens e mulheres operários da lei, o Estado
do Ceará permanecerá, tristemente, ocupando essa desonrosa situação de,
segundo o Anuário Nacional de Segurança Pública 2013, estar figurando
entre os cinco Estados brasileiros com mais crimes contra a vida
(homicídio, latrocínios, lesão corporal seguida de morte) em valores
absolutos.
Mario Marques, secretário-geral do Sinpol/CE
Fonte: Blog do Eliomar
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