18.10.2014 | Postagem: Paulo Sérgio |
A Polícia
investiga imagens de um vídeo encontrado em um celular, em poder de um
detento, em que um preso aparece vestido de mulher sendo constrangido e
obrigado a dançar, supostamente dentro de uma cela da Delegacia da
cidade de Canindé, a 115 km de Fortaleza. As informações são da TV
Verdes Mares.
No vídeo, o
homem aparece com o rosto machucado, além de estar com os cabelos e as
sobrancelhas raspadas. Uma voz diz ao homem: "Bote a mãozinha, dance,
vai. Você está se balançando. Não, é pra dançar".
Na
sequência, alguém coloca um pequeno objeto próximo ao homem, enquanto o
torturador ordena para que o preso dance. "Fica na garrafa", manda.
O homem, de
identidade preservada, responde a processo por participação no homicídio
de uma mulher. O vídeo foi enviado à Ordem dos Advogados do Brasil
secção Ceará (OAB-CE), que enviou representantes à Delegacia, na última
quinta-feira (16).
Constrangimento
Os
representantes da OAB ouviram o preso e constataram que houve prejuízo
psicológico ao homem, que teria até tentado suicídio por conta das
ações. "Constatamos que realmente houve o dano à pessoa do preso, que se
sente absolutamente constrangido em disponibilizar as informações, mas
existem provas materiais da gravidade do problema", afirmou a ouvidora
da OAB, Wanha Rocha.
A Polícia
Civil instaurou o Inquérito Policial de número 5282014 para investigar
os envolvidos na tortura ao preso. Segundo o delegado titular, Amando
Albuquerque Silva, o constrangimento teria sido realizado pelos outros
presos. O aparelho celular que teria sido utilizado para gravar o vídeo
foi apreendido em uma das celas. De acordo com o delegado, o trabalho
policial na captura do homem foi dificultoso e deixou o preso sem as
roupas que usava.
"Ele
resistiu à prisão, deu trabalho. Quando chegou à Delegacia, estava com
as roupas todas sujas e rasgadas. A única vestimenta que havia era uma
feminina. Os outros presos passaram a fazer chacota dele", disse. Já na
Delegacia, surgiu a informação de que o homem teria abusado sexualmente
da vítima antes de cometer o homicídio.
"Os presos o
tomaram como estuprador, mas ele não é. Foi feito exame de corpo de
delito e deu negativo. Nosso maior temor era que ele tivesse sido
molestado sexualmente pelos demais presos, mas exames comprovaram que
ele está ileso".
Vistoria
Ao tomar
conhecimento do vídeo, o delegado realizou vistorias na Delegacia e
localizou o celular com um detento, "que já foi liberado pela Justiça".
A Delegacia
está localizada ao lado da Cadeia Pública e foi interditada no mês de
abril, sendo proibido o ingresso de presos. No local, 34 presos dividem
duas celas. O diretor da comissão de direito penitenciário da OAB,
Carlos Alberto Macedo, esteve na Delegacia e constatou que há presos há
mais de um ano recolhidos nos xadrezes. "A passagem de qualquer preso
pela Delegacia tem que ser momentânea. A Delegacia de Polícia Civil é
Judiciária. O trabalho dela é de investigação, ela não tem competência
Constitucional nem Legal para cuidar de preso", afirmou.
Fonte: DN
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