Batizado de Kepler-186f, ele orbita estrela anã vermelha menos quente que o Sol, em zona onde pode haver água em estado líquido
REUTERS/NASA
O planeta recém-descoberto |
A existência de vida fora da Terra, um dos maiores mistérios para os seres humanos, nunca esteve tão próxima de se confirmar. Cientistas anunciaram
nesta quinta-feira, 17, a descoberta do primeiro planeta fora do
sistema solar de tamanho similar ao da Terra e onde pode haver água em
estado líquido na superfície. Isso significa que o planeta pode ser
habitável.
A novidade reafirma a
probabilidade de que haja planetas irmãos à Terra na nossa galáxia, a
Via Láctea. O trabalho, conduzido por um cientista da agência espacial
dos Estados Unidos, a Nasa, foi publicado nesta quinta na revista
científica Science.
"É o primeiro exoplaneta (planeta que orbita uma estrela que não seja o Sol) do
tamanho da Terra encontrado na zona habitável de outra estrela",
explicou Elisa Quintana, astrônoma do centro de investigação da Nasa,
que liderou as investigações. "A descoberta é algo particularmente
interessante porque o planeta, batizado de Kepler-186f, orbita uma
estrela anã vermelha (a Kepler-186), menos quente do que o Sol, em uma zona onde pode haver água líquida."
De acordo com os
cientistas, o planeta recém-descoberto tem 1,1 vez o tamanho da Terra,
está na quinta posição contada a partir de seu sol e precisa de 129,9
dias terrestres para dar uma volta inteira em torno de sua estrela - o
equivalente a um ano.
Já a estrela anã tem
aproximadamente metade do diâmetro do Sol e fica a 490 anos-luz da
Terra. Essa zona é considerada habitável porque a vida, tal como
conhecemos, tem possibilidade de se desenvolver no local.
"Que a gente saiba, só existe vida aqui (na Terra).
Então, estávamos procurando por um sistema exatamente como o nosso, ou
seja, que tivesse um planeta do tamanho da Terra, localizado na zona
habitável (com uma distância da sua estrela tal que a temperatura na superfície faça com que seja possível a existência de água) e
que estivesse orbitando uma estrela parecida com o Sol", explica Isa
Oliveira, pesquisador de astrofísica e sistemas planetários do
Observatório Nacional. "Até hoje, a gente só tinha conseguido uma ou
duas dessas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Dessa vez, temos as três
características juntas", afirma.
O professor de
Astronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Kepler
de Souza Oliveira Filho, ressalta a importância da descoberta para a
ciência. "(Esse planeta) é
um bom candidato a ter vida. Tem um sistema planetário como o sistema
solar e a estrela é um pouquinho mais fria do que o Sol, mas o planeta é
um pouquinho mais perto da estrela do que a Terra. Ele estava sendo
esperado há muitos anos. Não tínhamos capacidade técnica de encontrá-lo,
e agora comprovamos que ele existe, sim", salienta o professor.
A estrela que funciona
como o sol desse sistema é a anã vermelha que, segunda a pesquisadora
Isa Oliveira, representa 70% das estrelas no universo. "É bastante
excitante que isso ocorra ao redor de uma estrela tão comum. Dá
esperança de que a ocorrência de planetas com vida seja bastante
possível em outros locais no universo", afirma. "Pode ser que consigamos
descobrir muitos outros planetas mais próximos para que a próxima
geração de telescópios possa observá-los melhor. Pode ser o começo de
uma era bastante frutífera."
Limitações. Embora
as condições no Kepler-186f sejam propícias para a existência de vida,
ainda vai demorar ao menos uma década para que os humanos confirmem a
informação. "O planeta tem o tamanho certo e a temperatura certa para
ter água. Agora, se tem água, vamos ter de esperar ser medido o espectro
dele e para isso deve levar ao menos 10 anos", diz Oliveira Filho.
Segundo ele, esse é o tempo necessário para construir telescópios com tecnologia adequada para fazer a medição.
Isa concorda: "Sabemos
que a temperatura está correta, mas, para existir água, precisa ter
atmosfera. Isso é bastante complicado de confirmar por causa das
limitações tecnológicas que temos neste momento. O planeta está a quase
500 anos-luz de distância, ou seja, é muito longe para confirmar
qualquer coisa a curto prazo".
Semelhança. Em
agosto do ano passado, um planeta pequeno e rochoso, apenas um pouco
maior do que a Terra, também havia sido descoberto. A diferença é que
ele está muito mais próximo da estrela-mãe e, por isso, tem temperaturas
infernais, de até 2,8 mil °C, além de um período orbital (tempo que o
planeta leva para completar uma volta em torno da estrela) rapidíssimo,
de apenas 8,5 horas, em vez dos 365 dias que tem o ano terrestre.
O exoplaneta Kepler-78b
era considerado até então o mais parecido com a Terra que já tinha sido
identificado, segundo dois estudos da revista Nature.
COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
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