08.04.201 | Postado por Paulo Sérgio |
O índice definitivo só será conhecido na próxima terça-feira, dia 15, quando a diretoria do órgão vota o pleito
Se depender do pleito
encaminhado pela Companhia Energética do Ceará (Coelce) à Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a conta de luz do cearense poderá
sofrer, neste ano, um aumento bem superior ao esperado pelo mercado.
Segundo disponibilizado pela Aneel em sua página na internet, a
distribuidora cearense solicitou um índice de reajuste tarifário de
13,83% sobre os preços por ela praticado. Enquanto isso, em seu último
relatório de inflação, divulgado no fim do mês passado, o Banco Central
(BC) apontava para uma expectativa de reajuste médio nas tarifas de
energia no País de 9,5%. Dessa forma, o índice pedido pela Coelce está a
mais de quatro pontos percentuais acima da estimativa da autoridade
monetária.
Se aprovado, o aumento
sobre os valores praticados pela distribuidora passará a vigorar a
partir do próximo dia 22 de abril. Porém, o reajuste final só será
conhecido na terça-feira da semana que vem, dia 15, quando a diretoria
da Aneel vota o pleito da Coelce em sua reunião pública ordinária.
Entretanto, conforme
fontes ligadas ao mercado, o índice proposto pelas distribuidoras de
energia não são determinantes para o reajuste autorizado pela Agência.
Apenas subsidiam a tomada de decisão, visto que esta é baseada na
avaliação de sua área de Regulação Econômica, que fiscaliza as
concessionárias e acompanha os desempenhos.
Acima da inflação
O pleito solicitado pela
Coelce chama a atenção ainda quando comparado com a inflação acumulada
nos últimos 12 meses, medida pelo Índice Geral de Preços Mercado
(IGP-M), indicador utilizado pelo setor para corrigir preços. De acordo
com a proposta de reajuste tarifário apresentado pela companhia, o IGP-M
considerado para os cálculos foi de 5,97%, portanto, bem inferior aos
13,83% sugeridos pela concessionária de energia.
A observação gerou,
assim, críticas por parte do mercado, a exemplo do presidente do
Conselho de Consumidores da Coelce, Erildo Pontes, para quem o reajuste
solicitado superou suas expectativas. "O índice de reajuste pedido pela
Coelce é alto. Se o IGP-M nos 12 meses que antecedem o aumento foi de
5,97%, o que a Coelce está pedindo representa quase oito pontos
percentuais a mais, o que não se justifica", explica.
Outro fator que poderia
contribuir para um reajuste menor neste ano, lembra Pontes, é o saldo de
R$ 300 milhões a favor do consumidor, referente à última revisão
tarifária, em 2012, aplicada somente em 2013, e que ficou para ser
compensado no reajuste de 2014. "Portanto, tínhamos a expectativa de que
o pleito da Coelce fosse inferior, mesmo com mais uso das térmicas,
como agora", argumenta.
Reajustes já autorizados
Ontem, a Aneel aprovou o
índice final da terceira revisão tarifária periódica da distribuidora
Ampla, do mesmo controlador da Coelce, que fornece energia a 2,5 milhões
de unidades consumidoras em 66 municípios do Rio de Janeiro. Com a
revisão, os consumidores residenciais terão redução de 0,74% nas
tarifas, e as indústrias terão aumento de 8,11%. Os índices são
retroativos a 15 de março. Ao mesmo tempo, a Agência também aprovou
ainda a revisão anual das tarifas da distribuidora Cemig-D (aumento de
14,24% para as residências e 12,41% para as indústrias) e os reajuste da
CPFL Paulista (16,46% e 16,1%, respectivamente) e para a Cemat (11,16% e
13,42%, por sua vez).
Mecanismos de aumento
O reajuste anual é um
dos três mecanismos de atualização das tarifas previstos nos contratos
assinados entre as distribuidoras de energia e a União, com objetivo de
manter o equilíbrio econômico-financeiro da concessão dos serviço. Os
outros dois são a revisão tarifária periódica e a revisão
extraordinária.
A periódica acontece a
cada quatro anos e se diferencia do reajuste anual por ser mais ampla e
levar em conta todos os custos, investimentos e receitas para fixar um
novo patamar de tarifa, mais adequado à estrutura da empresa e ao seu
mercado.
Já a revisão
extraordinária destina-se, especificamente, a atender casos muito
especiais de desequilíbrio econômico justificado, podendo ocorrer a
qualquer tempo.
Anchieta Dantas Jr.
Repórter
Repórter
O QUE ELES PENSAM
Aumento inoportuno e fora da realidade
Aumento inoportuno e fora da realidade
O que a Coelce está
pedindo é abusivo e não condiz com os números da economia apresentados. A
inflação do período está na casa dos 6%. Então, um reajuste de quase
13% é mais do que o dobro da inflação. A gente entende que o setor
elétrico está carente de mais investimentos, mas o consumidor e o setor
produtivo, sobretudo, não podem ser apenado dessa forma.
Cid Alves
Presidente do Sindilojas
Presidente do Sindilojas
Se o índice pleiteado
pela Coelce for aprovado pela Aneel, isto significará um aumento
inoportuno. A indústria em geral será prejudicada. Um reajuste nessa
proporção afetará a competitividade dos produtos brasileiros tanto lá
fora como aqui, pois dará mais chances para que entrem itens importados
bem mais baratos. E, infelizmente, nós teremos que repassar o reajuste
para o consumidor.
Fernando Castelo Branco
Presidente do Conselho de Economia da Fiec
Presidente do Conselho de Economia da Fiec
Aneel reduz valor de encargo ao consumidor
Brasília/Fortaleza A
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) reduziu ontem o valor que
as distribuidoras de energia terão que pagar para a Conta de
Desenvolvimento Energético (CDE) neste ano. Em decisão anterior, a cota
da CDE havia sido calculada em R$ 5,6 bilhões, mas a agência refez os
cálculos, incluindo novos aportes anunciados pelo governo, e o valor
acabou caindo para R$ 1,66 bilhão.
O valor, que é parte das
receitas da CDE, será dividido entre as empresas na proporção de seus
mercados e consequentemente terá reflexo nos reajustes anuais das
distribuidoras. As cotas da CDE que devem ser pagas pelas distribuidoras
é resultado da diferença entre o total de despesas e as receitas da
conta. Para 2014, a estimativa de despesas da CDE é R$ 18,07 bilhões.
A redução das cotas da
CDE foi possível porque o governo anunciou, no mês passado, um aporte
extra, para cobrir os gastos das distribuidoras com a compra de energia
no mercado livre e com o uso maior de energia de termelétricas, que é
mais cara. Dos R$ 4 bilhões anunciados, R$ 2,8 bilhões irão para a CDE.
Além disso, também entraram na receita da CDE R$ 1,175 bilhão de
parcelamentos de dívidas de agentes inadimplentes.
Hidrelétricas
O Operador Nacional do
Sistema Elétrico (ONS) indicou ontem uma ligeira melhora na situação dos
reservatórios hidrelétricos do Nordeste, tendo em vista que as
estimativas apontaram para uma evolução de 42,8% para 43,4% no fim de
abril. Para o Norte, a projeção permaneceu no mesmo patamar, de 91%.
Com a previsão de menos
chuvas no Sul, o ONS revisou para baixo a estimativa de estoque nos
reservatórios das usinas da região no fim do mês, passando de 43,6%,
para 40,3%. O mesmo aconteceu com o subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o
principal do país, já que a estimativa de estoque dos lagos das usinas
das duas regiões caiu de 40,6% para 36,6%, revelou o ONS. A queda foi
motivada principalmente pela redução da expectativa de chuvas para
abril.
(diariodonordeste)
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