17.02.2014- Postagem: Paulo Sérgio
A terceira etapa de apreciação do processo em São Paulo terá
início com o sorteio de sete pessoas que vão compor o Conselho de
Sentença. Em seguida, serão ouvidas as testemunhas de acusação, as cinco
de defesa e os réus
foto: agência estado
Brasília A terceira etapa do julgamento do Massacre do Carandiru terá início hoje no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo. A expectativa é que o julgamento, presidido pelo juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo, dure uma semana.
Nesta etapa, 15 policiais serão julgados pela morte de oito presos que ocupavam o quarto pavimento (ou terceiro andar) da antiga Casa de Detenção Carandiru.
O Massacre do Carandiru ocorreu no dia 2 de outubro de 1992, quando 111 detentos foram mortos e 87 ficaram feridos durante uma operação policial destinada a reprimir uma rebelião no Pavilhão 9 do presídio.
O julgamento terá início com o sorteio de sete pessoas que vão compor o Conselho de Sentença. Em seguida, serão ouvidas as seis testemunhas de acusação, as cinco testemunhas de defesa e os réus.
Desmembrado
Por envolver grande número de réus e de vítimas, o julgamento do Massacre do Carandiru foi desmembrado em quatro etapas, de acordo com o que aconteceu em cada um dos quatro andares do Pavilhão 9 da Casa de Detenção. Na primeira etapa do julgamento, em abril do ano passado, 23 policiais foram condenados a 156 anos de reclusão cada um pela morte de 13 detentos. Na segunda etapa, em agosto, 25 policiais foram condenados a 624 anos de reclusão cada um pela morte de 52 detentos que ocupavam o terceiro pavimento do Pavilhão 9.
O julgamento demorou mais de 20 anos para ter início. Foram dois adiamentos só no ano passado. No total, em todo o pavilhão, a ação da polícia no dia 2 de outubro de 1992 deixou 111 presos mortos. A apreciação do processo começou em 2013, no Fórum Criminal da Barra Funda.
A primeira data designada para o júri havia sido 28 de janeiro de 2013, mas foi adiada pela Justiça a pedido de Ministério Público e da defesa dos réus para que nova perícia de confronto balístico pudesse ser feita. Em março, o Instituto de Criminalística respondeu que novo laudo era inviável por razões técnicas. Na fase de debates, porém, o Ministério Público afirmou que o laudo foi prejudicado porque 160 projéteis retirados dos corpos das vítimas desapareceram. O massacre do Carandiru teve repercussão internacional devido à quantidade de mortos envolvidos e também pela forma como os presos foram abordados e mortos pela polícia.
Sem defesa
As vítimas foram acuadas e muitas delas acabaram sendo mortas encurraladas nas celas, sem chance de se defender. Alguns sobreviventes do massacre relataram, mais tarde, que alguns presos se jogaram em cima de cadáveres para fingir que estavam mortos e tentar sobreviver. O comportamento das autoridades, em esconder o verdadeiro número de mortos da imprensa e das famílias das vítimas, também foi um fator que contribuiu para que o caso ganhasse ainda mais repercussão.
O processo do massacre é um dos maiores do Estado de São Paulo. São 150 volumes de processo, 85 policiais militares denunciados, 111 presos mortos e outros 86 presos feridos. No começo, eram 120 réus, mas devido à demora do julgamento 35 processos prescreveram.
Ao todo, 79 policiais militares foram denunciados. Eram 84, mas cinco deles já morreram. Fonte: DN
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