sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Polícia do CE descarta ordem vinda de presídios para ataques a ônibus





21/02/2014 - Postagem: Paulo Sérgio

Incêndios a coletivos têm relação com morte de traficante do Bairro Barroso.
Nove ônibus foram atacados em Fortaleza e Região Metropolitana.




Em quatro dias de investigação, a Delegacia de Roubos e Furtos descarta a possibilidade de que nove ataques a ônibus em Fortaleza tenham sido planejados e ordenados por pessoas de dentro dos presídios. De acordo com o delegado Eduardo Tomé Gomes, mesmo com as ações executadas por conta da morte do traficante Henrique Sousa Monteiro no domingo (16) dentro do presídio, a ideia dos ataques não veio de outros detentos.
''Não há nos autos nenhum elemento da investigação que demonstre que qualquer presidiário de dentro das cadeias tenha orquestrado esses ataques". Até a tarde desta quinta-feira (20), sete pessoas foram presas pelos atentados. De acordo com a Delegacia de Roubos e Furtos, quatro dos sete presos estão diretamente ligados ao tráfico de drogas no Bairro Barroso e faziam parte da quadrilha comandada pelo detento Henrique Sousa Monteiro, morto na cadeia por espancamento.
Os dois primeiros suspeitos foram presos em flagrante na madrugada de segunda-feira (17), próximo ao terminal do Bairro Siqueira. Eles confessaram a participação nos ataques. Um deles chegou a afirmar em depoimento estar cumprindo “ordem”, mas não disse de quem. A polícia acredita que os dois pretendiam realizar mais ataques. Com eles, foram encontradas três garrafas de combustível e caixas de fósforos. "Eles tinham a intenção de incendiar outros ônibus”, afirma o delegado.
A terceira prisão ocorreu na terça-feira (18). O suspeito de 48 anos foi encontrado com um revólver com numeração raspada. Ele também é suspeito de ter participado do ataque na sede da Secretaria de Justiça do Ceará na noite do domingo (16). O preso já respondia por porte ilegal de arma e tentativa de homicídio. O quarto homem detido e diretamente ligado com o traficante é acusado de homicídio doloso.
Ataques
Segundo a polícia, pelo menos três dos nove ataques a ônibus não tiveram relação com grupo de Henrique do Barroso. “Esses casos isolados atrapalham as investigações. Infelizmente, pessoas estão se aproveitando da situação, querendo causar terror na população”. Segundo as investigações, nos ataques a coletivos em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, e no Bairro Edson Queiroz, até agora não há indícios de pessoas ligadas direta ou indiretamente ao tráfico de drogas na comunidade do Barroso.

O primeiro ataque a ônibus, registrado na sexta-feira (14), no Bairro Maraponga, foi um protesto da população local pela morte do pedreiro Francisco Ricardo Sousa após ser espancado supostamente por policiais militares. Para o delegado de Roubos e Furtos, os envolvidos com o tráfico e ligados a Henrique aproveitaram esse primeiro episódio para incendiar outros coletivos. “Eles querem desafiar o poder público para mostrar poder”, afirma.
Vingança
O secretário de Segurança Pública do Ceará, Servilho Paiva, afirmou na segunda-feira (17) que a morte de Henrique Sousa Monteiro e os ataques a ônibus poderiam estar ligados à morte da mãe de um outro traficante, suspeito de comandar o grupo rival ao do detento morto. O outro traficante está preso em Itaitinga e, depois da morte de Henrique, foi levado para área de isolamento da unidade prisional.

De acordo com a Secretaria de Justiça, Henrique estava preso na Delegacia de Narcóticos (Denarc) e foi levado para Unidade Penal Agente Luciano Andrade Lima, antiga CPPL I, na sexta-feira (14). Ainda segundo a secretaria, antes de chegar ao presídio, o detento já havia recebido ameaças de morte e, no sábado (15), chegou a ser transferido de rua. No domingo (16), o corpo de Henrique foi encontrado com sinais de espancamento no banheiro coletivo da Rua G, do Pavilhão I da unidade prisional.
A Secretaria da Justiça do Ceará afirmou que aguardava a autorização do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) para realizar a transferência dele direto da Denarc para uma penitenciária federal, mas a defesa dele obteve na Justiça ordem para recolhimento dele na unidade prisional de Itaitinga. O caso da morte de Henrique está sendo investigado pela Divisão de Homicídios.
Fonte: G1
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